Dias Perfeitos, lançado no final de 2023 e disponível agora na Filmin, é a película perfeita para quem passa a vida a queixar-se dela e a invejar outras. É muito libertador quando percebemos – ou quando somos lembrados – que a felicidade existe nos quotidianos mais simples, mais frugais.
Com efeito, a simplicidade é o grande luxo. A fortuna e a abundância, ainda que escapem, são a ambição vulgar.
Hirayama – representado por Kōji Yakusho, num grande papel – limpa casas de banho públicas em Tóquio, mas vive feliz e realizado, numa rotina quase sempre solitária que somos convidados a viver também e eu não a trocava pela do presidente da Sony ou da Toyota. Sempre que pode, dedica-se às suas paixões – os livros, as plantas, a fotografia e a música.
Não é preciso muito para se estar bem, basta deixar de projectar a felicidade e descobri-la em todas as coisas. Basta contentarmo-nos com o que temos, que é sempre o sonho de alguém, em algum lugar.
A história é simples, mas estas são as mais complicadas de criar. No mínimo é preciso alguém talentoso como Wim Wenders. Muita arte e uma grande lição na rotina diária de um homem que limpa casas de banho em Tóquio, mas que é capaz de nos inspirar mais do que histórias épicas de grandes sucessos ou incríveis façanhas.
Não menos importante, há uma paz nestes Dias Perfeitos que vem mesmo muito a calhar nestes tempos imperfeitos.